terça-feira, junho 08, 2010

Shangri-lá

Aquela moça simpática, que está no Rio Show (O GLOBO), a brindar-nos com doses de bom humor e de conhecimentos etílicos, Deise Novakoski - espero que seja seu sobrenome de solteira – levou-me, este fim de semana, de volta aos tempos da guerra, quando aviadores ingleses, abatidos pela artilharia alemã, eram conduzidos através do continente, até o sul da França. Ali nos eram entregues por oficiais da resistência, e partiam, com a ajuda de nossa rede, para a Espanha, em rotas que cruzavam os Pirineus.

Minha base ficava em Nice, e meu contato era um jovem agente britânico, que tinha uma especial habilidade em obter informações através de atraentes jovens francesas, recrutadas graças ao seu charme, a maços de cigarros e a meias de seda vindas da América. Para encantá-las, marcava os primeiros encontros no bar do Hotel Negresco (Le Relais, creio eu). Lá, o barman preparava para elas um irresistível cocktail, Shangri-lá, de inocente cor de rosa e feito de uma poderosa mistura de Campari e Beefeater, este último fornecido secretamente pelo Tesouro de Sua Majestade Britânica aos estoques de gin do Negresco.

Hoje eu peço à barwoman - ó tempora!!! - do Copa Café para adicionar três gotas de Angostura, porque prefiro usar apenas meia dose de Campari, para cada uma de gin. O resto é gelo, suco de laranja e duas colherinhas de açúcar. Uma rodela de laranja e um canudinho vermelho dão uma graça adicional ao copo longo. Um conselho: não as deixe passar da terceira dose.

Mellors, que se dizia oficial da Marinha Mercante Inglesa, afirmava que o Shangri-lá era criação sua, e que ensinara a receita ao barman do Le Relais. Isto, sinceramente, é a única coisa que não posso afirmar ser verdadeiro nessa história.

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